Aumento do diesel acelera planos da Andali em Goiás

O aumento dos preços do diesel, que eleva o custo dos fretes rodoviários, tem levado empresas e produtores do agro a intensificar a busca por alternativas às rotas usuais que unem a região central do país aos portos do litoral. O impacto desse aumento de despesas sobre as planilhas de custos, porém, é um dos fatores que contribuíram para impulsionar os negócios do novo terminal de adubos da Andali S/A -- joint venture entre a CHS Agronegócios (50%), braço brasileiro da maior cooperativa agrícola dos Estados Unidos, BRFértil Fertilizantes (26,5%) e duas holdings fundadoras (23,5%) -- em Rio Verde (GO).

A companhia, que já opera um terminal em Rondonópolis (MT), vê a conjuntura e o tamanho do mercado local como fatores para uma rápida expansão. O projeto deverá contribuir para multiplicar a receita, que foi de R$ 60 milhões em 2021 e chegará a R$ 150 milhões no ano que vem, calcula a empresa.

"Já enxergávamos [em Rio Verde] uma boa oportunidade pelo potencial de compras. Goiás e Mato Grosso respondem mais de 30% do mercado consumidor [de adubos]", diz Rafael Vaccari Gonçalves, diretor presidente da Andali, sediada em Curitiba. Mesmo com a explosão de preços dos fertilizantes (que tem levado à redução de uso do insumo), o Centro-Oeste reúne alguns dos maiores produtores do país, que não deixaram de ampliar áreas de cultivo.

O terminal "bandeira branca" de adubos da Andali, o primeiro no município com essa característica, começou a prestar serviços de transbordo e armazenagem em abril. O local conta ainda com uma fábrica misturadora, que entrou em operação no mês passado. Com uma forcinha do contexto econômico, em 12 meses, os negócios caminharam com celeridade, conta Gonçalves. Gigantes como Yara -- que acabou de fechar uma unidade em Catalão (GO) -, Mosaic, Nutrien, grupo Fertipar, além da marroquina OCP, firmaram contratos com a empresa -- seja para só armazenar, misturar ou ambos.

A subsidiária da Yara no Brasil, aliás, deve começar a terceirizar parte de seu processo de produção regional na fábrica da Andali em julho. A alternativa permite às indústrias trazer o fertilizante por trem desde o porto de Santos -- hoje a segunda maior porta de entrada desses produtos, depois de Paranaguá (PR) -- para Rio Verde. A rota apresenta-se como uma alternativa à usual, diz o executivo. É comum que os insumos "subam" do porto paranaense até Goiás como retorno de trajeto de produtos exportados. "O terminal instalado pela Rumo em Goiás aumentou a ´descida´ do farelo [de soja] por ferrovia até Santos, e já se nota menor oferta de caminhões na rota de Paranaguá até Goiás", conta.

Com o volume de contratos fechados, a demanda inicial já levou a Andali a ampliar os investimentos. Pouco depois de abrir as portas, em abril, ela já investirá R$ 10 milhões adicionais em aumento de capacidade de armazenagem de nutrientes e à misturadora. As obras necessárias são pontuais, reitera Gonçalves, e devem ser concluídas até setembro. Com isso, o aporte no terminal -- que reúne armazém, misturadora, prédios administrativos e o desvio ferroviário -- instalado em um complexo da Rumo na ferrovia Norte-Sul, consumirá, ao todo, R$ 160 milhões. Boa parte dos recursos foi obtida em operações no mercado de capitais.

A Andali espera movimentar entre 1,5 milhão e 2 milhões de toneladas de nutrientes no local já em 2024, volume que é o "teto" do projeto inicial. Neste ano, é esperada movimentação de até 1 milhão de toneladas de nutrientes (NPK). Já o volume de misturas (produtos finais usados pelos produtores) poderá dobrar até o ano que vem, saindo de intervalo entre 400 mil toneladas a 500 mil toneladas fabricadas em 2022.

 

 Valor Econômico