Banco, que busca fomentar uso de tecnologia na agricultura familiar, vê cenário promissor para o Nordeste com o La Niña
Com foco na agricultura familiar e no fomento à tecnologia no campo, o Banco do Nordeste (BNB) vai ofertar R$ 21,5 bilhões para financiamentos pelo Plano Safra 24/25. O montante é R$ 1,5 bilhão maior do que o disponibilizado no plano anterior.
Atualmente, o BNB é responsável por 95% das operações de crédito rural da agricultura familiar feitas em sua área de atuação — que inclui todo o Nordeste e parte dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
Com tamanha representatividade, o segmento contará com R$ 10 bilhões no novo Plano Safra do banco, aumento de 17% no volume de recursos. E a expectativa do superintendente de Agronegócio e Agricultura Familiar do BNB, Luiz Sérgio Machado, é por demanda aquecida.
“Na agricultura familiar da região, boa parte não tem sua comercialização de produtos ligada ao mercado externo. Então, diferentemente do Sul do país, o impacto da queda nos preços das commodities é menor aqui”, diz o executivo. Segundo ele, os pequenos produtores nordestinos estão investindo na lavoura.
As taxas de juros são as mesmas definidas pelo governo federal no Plano Safra da Agricultura Familiar para o programa destinado ao setor, Pronaf, e vão de 0,5% a 6% ao ano. No BNB, o Pronaf é operacionalizado por um programa chamado Agroamigo, que, além do auxílio para obter crédito, orienta o produtor e trabalha com educação financeira, ambiental e em outras frentes.
Uma parte significativa dos créditos da agricultura familiar vai para financiamento da pecuária, com recursos distribuídos entre bovinos, caprinos, ovinos, suínos e aves, de acordo com Machado.
Os pequenos agricultores tomam recursos principalmente para produção de milho, que dá suporte à alimentação dos animais da pecuária, e hortifrútis.
“Incentivamos também a agregação de valor através de pequenas agroindústrias. Queremos mudar um pouco o perfil do setor e ter uma agricultura mais tecnificada, apesar da conectividade ser uma preocupação. Temos buscado, na medida do possível, incentivar a irrigação”, afirma.
Agricultura empresarial
Para a agricultura empresarial, o banco disponibilizou R$ 11,5 bilhões pelo Plano Safra, volume estável em relação ao plano anterior. Nessa categoria, a instituição consegue operacionalizar taxas de juros menores que as definidas pelo governo federal.
O superintendente diz que, em geral, as contratações na agricultura empresarial se dividem entre 55% e 60% para custeio, 30% e 35% para investimentos e 5% para comercialização. “A expectativa é que essa divisão se mantenha. Quem toma custeio hoje, tomou crédito para investimento no ano anterior e assim vai seguindo o ciclo”, afirma.
As taxas de juros para essa categoria de produtores vão de 6,25% a 8,85% ao ano, a depender da linha de crédito e do porte do produtor, e chegam a ficar abaixo das tarifas estipuladas no Plano Safra, de até 12% ao ano.
Segundo Machado, isso é possível porque parte dos recursos oferecidos pelo BNB também tem como fonte o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), e com esse adicional é possível ampliar o subsídio para equalização de juros.
O banco atua em três Estados da região do Matopiba — confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e oeste da Bahia. “Em anos de La Niña, a chuva costuma ser boa. A perspectiva é muito boa para a tomada de crédito do banco [nestas áreas], a não ser que tenham mudanças climáticas, ou alguma questão mercadológica”.
Globo Rural