Usina mineira, que está sob nova direção, adota o sistema em 100% de seus 30 mil hectares de cana
Sob nova direção desde o início da safra 2022/23, a mineira Bevap Bienergia, localizada no município de João Pinheiro, na região do Vale do Rio do Paracatu, vem driblando a falta de chuvas, um problema que boa parte dos canaviais do Centro-Sul tem enfrentado nos últimos dois anos, com uma forte aposta na irrigação. A estratégia garantiu bons resultados à companhia na safra passada e é também a base dos planos do novo comando da companhia para preencher a capacidade ainda ociosa da usina.
Na última temporada (2021/22), enquanto a média das usinas do Centro-Sul registrava uma quebra de produtividade na casa dos dois dígitos e um rendimento médio perto dos 72 toneladas por hectare, a Bevap Bioenergia colheu expressivos 109 toneladas por hectare. A usina processou 2,78 milhões de tonelada de cana no último ciclo, e espera agora uma nova etapa de crescimento de produção sem nenhum avanço em área de colheita, baseado apenas em mais ganhos na produtividade agrícola.
"Com 30 mil hectares, produzimos mais com essa moagem do que qualquer outra empesa, que teria que ter 40% a 50% a mais de terra para ter o mesmo resultado"
— Newton Santana, que assumiu o posto de CEO da usina há cerca de três meses
A produtividade elevada permitiu à companhia uma produção significativa em um momento de preços altos e ainda permitiu a diluição dos custos fixos, que se traduziu em uma margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 60%; a receita líquida da empresa foi de R$ 822 milhões.
Para a safra atual, a Bevap espera aumentar sua moagem em 7%, para 3 milhões de toneladas, e alcançar um avanço de 15% no faturamento. No médio prazo, aposta em alcançar a moagem máxima possível da usina, de 4,5 milhões de toneladas. Atualmente, a companhia consome 18 mil metros cúbicos de água por hora, e nesta safra a usina pretende ampliar o consumo para 22 mil metros cúbicos por hora. As outorgas obtidas permitem a ela consumir até 45,7 mil metros cúbicos a hora.
Santana afirma que a tarefa “não é simples”, e que para garantir o crescimento almejado a companhia também está fortalecendo sua estrutura de governança. Além do novo CEO, a Bevap contratou outros profissionais para a equipe diretora e conselheiros independentes, como Pedro Mizutani, que também participa dos conselhos da Raízen e da Cosan, Jucelino Sousa, ex-CEO da Coruripe, e Charles Lenzi, executivo com experiência no setor elétrico.
Quando a oferta de cana conseguir preencher a indústria, Santana diz que o plano é avaliar investimentos em novos projetos industriais, mantendo a disciplina financeira. Entre os projetos no horizonte estão uma ampliação da planta de cogeração de energia, uma planta anexa de processamento de milho ou uma unidade de biogás ou biometano. “Mas sempre mantendo a disciplina financeira”, disse o CEO, que comemora o fato de a Bevap ter encerrado a temporada passada com uma dívida líquida de R$ 634,7 milhões, equivalente a 1,3 vez o Ebitda.
Por enquanto, a companhia está estudando as possibilidades e deve contratar uma empresa para avaliar as possibilidades de uso de biogás e biometano. O executivo também vê vantagem em uma planta de milho, já que a usina está perto de Unaí, importante polo de cultivo do grão.
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