Cargill e Bunge diminuem compras de soja nos EUA por incerteza sobre política de biocombustíveis

Cargill e Bunge diminuem compras de soja nos EUA por incerteza sobre política de biocombustíveis

Atraso nas orientações do governo está deixando indústria com pouca visibilidade sobre a viabilidade financeira da produção

Grandes indústrias do agronegócio, como Cargill e Bunge, estão reduzindo suas compras de soja devido à incerteza sobre a política de biocombustíveis dos Estados Unidos. O grão é um dos mais utilizados na produção de biodiesel.

A falta de previsibilidade para um novo crédito fiscal de combustível limpo está fazendo com que produtores de biocombustíveis adiem algumas compras de óleo de soja para o início do próximo ano. Isso está reduzindo a demanda por soja, levando os grandes comerciantes de grãos a também diminuírem suas compras, segundo fontes ouvidas pela reportagem.

“Ninguém está produzindo, ninguém está comprando, ninguém está misturando”, disse David Fialkov, vice-presidente executivo de assuntos governamentais da NATSO, um grupo comercial de postos de caminhão e centros de energia para transportes.

A Cargill disse que a incerteza em torno da política de biocombustíveis para 2025 não teve impacto em seu ritmo de compras de soja, e que está comprando ativamente soja em todas as suas unidades de processamento. A Bunge se recusou a comentar.

Outra grande incerteza em torno do crédito fiscal é o resultado das eleições presidenciais. Não está claro se o governo Biden irá determinar uma política fiscal que será tocada pelo novo presidente. Outra dúvida é se o crédito 45Z será estendido além de seu vencimento atual no final de 2027.

O atraso nas orientações está deixando os produtores de renováveis com pouca visibilidade sobre a viabilidade financeira de sua produção de combustível, ameaçando paralisar o setor em rápido crescimento. Há apenas dois anos, os EUA estavam correndo para construir mais fábricas para processar culturas como soja, que são esmagadas para produzir óleo para alimentos e combustível, além de farelo usado para alimentação animal.

Com tanta incerteza sobre quando e como o novo subsídio será implementado, as esmagadoras têm desviado uma parcela maior dos suprimentos de soja para mercados de exportação de alimentos, disse Kent Woods, diretor executivo da CrushTraders.

“Há menos demanda por diesel renovável e a demanda por alimentos está atualmente na liderança”, disse Woods. Essa dinâmica também está criando uma grande mudança onde os EUA estão exportando óleo de soja novamente.

 

Bloomberg L.P.