Os questionamentos sobre a preservação do meio ambiente, no mundo todo, somente serão (parcialmente) resolvidos quando forem tratados com fundamentos econômicos e não pela visão simplista do ecologismo.
O mais novo dilema mundial, propalado em Davos, é a urgente necessidade de reflorestar, regenerar, recompor e restaurar perdas de vegetação nativa arbórea, principalmente nos trópicos, cuja adoção de políticas verdes serão a salvação da agricultura, sem o que não se manterá a sustentabilidade da produção alimentar. Boa parte dos territórios tropicais são desérticos, restando áreas da África e América do Sul, nesta em que contribuinte de maior expressão é o Brasil.
Não se trata de contrapor-se à preservação e até recomposição de ativos ambientais naturais, mas de onde vem os maiores alarmes: países Europeus.
E por que? As economias agrícolas europeias estão limitadas pelo próprio clima reinante, com seus espaços de exploração saturados e custos de produção elevados, cada vez menos competitivas. E a pior praga a qualquer nação é a dependência alimentar de seu povo. Nas políticas públicas o racionamento alimentar degola qualquer gestor.
Para atingir o superlativo de bem-estar e da defesa sistemática dos recursos naturais que garantem a vida humana, a condição de coexistência com seu próprio habitat, é a promoção do progresso econômico, de tal forma que as pessoas atinjam um grau de satisfação que lhes permita a cidadania digna, longe da miséria e da fome. A fome é o principal flagelo de degradação de qualquer nação, inclusive de achincalhamento do conhecimento, tornando a sociedade incapaz de restituir qualquer bioma, por mais notório e importante que seja.
Portanto, a gritaria ambiental é patrocinada pensando em mercado. Frágeis alianças começam a se formar contra os europeus. Quem acredita que os países do continente asiático (capitaneados pela China e Índia), os subdesenvolvidos africanos e os promissores sul-americanos (com o potencial do Brasil), bem como as políticas dos EUA e Rússia saiam plantando florestas, inativando capital, antes de resolverem problemas internos e projetar sua capacidade de produzir alimentos para o mundo. Ledo engano, como enganosas tem sido suas participações nesses fóruns mundiais, surfando a onda, mantendo a política de bom relacionamento com organismos e organizações em contraposição, mas alienando-se, de forma a não prejudicar os verdadeiros interesses internos, de salvaguarda do desenvolvimento econômico.
A grande visibilidade da questão ambiental, com os europeus à frente, é manter a hegemonia política e de mercado, atualmente voltado para o agronegócio. A dependência deles em alimentos é uma afronta às conquistas de seus povos.
A critica não é contra quem defende seu legítimo território e espaços mercadológicos, porém de criarem formulações de subnutrição ao desenvolvimento de nações que querem, ao menos, satisfazer as necessidades desejadas pelos seus cidadãos. Pior, contudo, são aqueles que se engajam gratuitamente no bloco do desastre econômico, como se as nações não têm direito soberano de sobreviverem. Muito pior, ainda, são os patrícios que gritam gratuitamente.
Não há solução de tratamento de resíduos, conservação do solo, preservação de florestas, proteção a espécies e despoluição das águas resolutas por marchas embandeiradas. Requer ações e essas, para se materializarem, requerem recursos.
Não se alcançará a preservação de biomas e espécies sem que haja recompensa financeira, oriunda da exploração dos cuidados preservativos. A questão ambiental somente será resolvida quando o tema tiver tratamento com engajamento econômico.
Claudio Belodi é diretor da CEPAL. Possui diversos trabalhos publicados e inúmeros artigos em Jornais e Revistas especializadas do setor sucroalcooleiro. Também detem algumas patentes de invenção de equipamentos e processos, dirigidos à produção de açúcar e etanol e outras.