Companhia espera uma estabilização de preços e recuperação das margens no segundo semestre
A Vittia, empresa brasileira de defensivos biológicos, inoculantes e nutrição, justificou, em teleconferência de resultados com investidores e analistas, a redução das margens da companhia no primeiro semestre em razão de uma queda nos preços de insumos.
A margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) no primeiro semestre foi de 5,1% negativos. No mesmo período de 2023 a margem era de 3,1% positivos.
Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Alexandre del Nero Frizzo, houve uma “queda de margem basicamente em todas as linhas, mas representativas deste cenário de preços” de insumos, que operam em queda média de cerca de 10%, segundo o diretor.
Por outro lado, o executivo espera uma estabilização dos preços no segundo semestre e, consequentemente, da margem, "mas ainda aquém do esperado", segundo Frizzo. Há uma “demanda mais aquecida para esta safra, quando pensamos comparativamente. Tem fatores positivos que aumentam a demanda de insumos e, consequentemente, a receita”.
Wilson Romanini, diretor presidente, afirmou que a empresa teve um primeiro semestre “muito complicado, devido a eventos climáticos e custos para os produtores rurais”, e que a Vittia irá buscar compensar a queda de preços com o aumento de volumes, tanto em relação à expansão de culturas atendidas, quanto de regiões.
Segundo ele, a projeção de crescimento para o segundo semestre é na casa dos dois dígitos em comparação a 2023, e o mês de julho já teria registrado este avanço.
“Houve uma queda bastante acentuada do custo para o produtor rural, então a conta fecha. Este ano a parte climática tende a ser mais positiva, com La Niña, e o agricultor tende a investir”, pontua Romanini. Além disso, ele destacou que o câmbio mais positivo pode auxiliar o agricultor para as exportações, apesar de uma possível queda de preços de commodities com a previsão de safra volumosa de grãos.
Sobre o momento do mercado, Romanini pontuou que “o setor hoje como um todo não passa com uma posição muito satisfatória, precisando crescer receita e cumprir com suas obrigações”, mas acredita que a companhia está bem posicionada.
A empresa pontuou que tem continuado a investir na bioprospecção de microrganismos, além de ter concluído a planta de macrobiológicos, e espera já ver resultados no segundo semestre deste ano.
Os resultados aquém das projeções se devem, principalmente, ”a maiores despesas com SG&A [despesas de vendas gerais e administrativas], parcialmente compensadas por um aumento no lucro bruto, oriundo de maiores receitas e margens”, diz o relatório.
Gabriel Barra, analista do banco, destaca que as despesas da Vittia cresceram 18,1% no período em comparação ao ano anterior, atingindo R$ 43,6 milhões, devido a uma grande equipe de vendas e ao reconhecimento de uma provisão para remuneração variável de R$ 3,1 milhões, representando 43,7% da receita líquida do segundo trimestre e sete pontos percentuais a menos que em 2023 , enquanto as despesas com pesquisa e desenvolvimento diminuíram em 3,2% na comparação interanual.
O relatório também destaca o forte aumento na margem bruta de condicionadores de solo e organominerais, de 12,2 pontos percentuais, que “compensando a diminuição das margens brutas dos outros segmentos, fez com que a margem bruta da Vittia aumentasse em 1,1 ponto percentual na comparação interanual, para 17,4%”.
As despesas de capital foram “alinhadas com nossa previsão advindo de investimentos relacionados à implementação de uma nova unidade de produção de macrobiológicos, expansão da planta microbiológica e novo escritório em Ribeirão Preto (SP)”.
O Citi mantém sua previsão de crescimento das vendas e sua recomendação para compra para a Vittia, com preço-alvo de R$ 8,50 por ação.
Por Gabriella Weiss
Globo Rural